sábado, 27 de fevereiro de 2010

Brechas





















Abri a janela com medo de a chuva entrar
e molhar os meus livros, alagando os meus pensamentos.
Mas a única coisa que invadiu o meu quarto foi a lua
e você.

As águas não vieram abrandar o calor
o medo se encarregou de serenar os poros

um olhar tímido
uma janela aberta
e tantas outras se fechando para o passado.

(Juliana Trentini)


Aperitivo poético:


"A loucura exige
disciplina
para não ser vista." 


"Deixa-me pensar o corpo, deixa o corpo me pensar"

(Carpinejar)



sábado, 20 de fevereiro de 2010

Ausência

Dizem:

“o que os olhos não veem o coração não sente”

Mentira.

Eu não te vejo. Essa distância é um abismo abrigado nos tecidos que escondem meu corpo da nudez.

E mesmo que eu seja despida, uma semente do vazio se instalará em algum espaço.

O problema é que seu silêncio é solo fértil em minha pele e a sua ausência mora nos meus olhos.



Aperitivo poético:

Ausência

Olhei os pés apressados
Mochila nas costas
Barba mal feita
E nos fios de cabelo:
Os sonhos

Para cada passo:
Uma distância.


Para cada decisão:
Uma escolha.
O amor abandonado
E o futuro ganhando quilometragem


Para quem fica:
Ausência.

Para quem foi:
Ausência.

(Juliana Trentini)


Ausência

(...)

Eu ficarei só
como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém
porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar,
do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente,
a tua voz ausente,
a tua voz serenizada.

Vinícius de Moraes

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Dança comigo?




Ela nunca soube fazer os dias seguirem lentos, nunca soube dançar devagar e observar a respiração do outro. Sempre acelerada atropelando o tempo, bailando sozinha uma canção descompassada.

Hoje sente medo por ouvir veementemente o silêncio e segura a sua mão com medo e vontade, encosta-o sobre seu corpo e procura entender em pausas mudas o que é felicidade.

                   (Juliana Trentini)


 
Aperitivo musicado:

"Às vezes eu quero chorar
Mas o dia nasce e eu esqueço
Meus olhos se escondem
Onde explodem paixões...

E tudo que eu posso te dar
É solidão com vista pro mar
Ou outra coisa prá lembrar...

Às vezes eu quero demais
E eu nunca sei
Se eu mereço
Os quartos escuros
Pulsam!

E pedem por nós...
E tudo que eu posso te dar
É solidão com vista pro mar

Ou outra coisa prá lembrar
Se você quiser
Eu posso tentar
Mas...

Eu não sei dançar
Tão devagar
Prá te acompanhar... "