segunda-feira, 29 de julho de 2013

Desarticulação

 Meu descompromisso com a formalidade me banaliza
 Tanto que formalizo o descompasso das palavras
 Articulo o que não tem articulação
 Por que Deus resolveu me mandar assim? Sem eixo.

Deixo, desdigo e digo:
meu cérebro é meu inimigo!
Como se não bastasse isso
vivo no mundo das cobranças
prazos, laços, teorias, teoremas (sem Pitágoras)
e tudo lança
alabarda na vida da gente

Carlos foi gauche 
e tinha livro de ponto
e a mim o que resta?
Festa de fim de ano com esperança de renovação?
pão no portão de casa deixado por Flávio às seis da matina?
Nada me anima
Somos todos pacientes terminais

Mas é preciso ter rima
diz o poeta parnasiano
E penso na eternidade da alma
refaço a linha
e vou estudar poesia

Manuel me diz: vai encontrar tudo pronto
eu digo: vou desencontrar os pontos



quarta-feira, 3 de julho de 2013

Infinitivo



A vida é mesmo um fio
frágil, fino, fraco
A vida é um vazio
desconcerto, despropósito
Rio
me fio do que posso fiar
palavras vazias
um chão de cajaranas, furto das memórias alheias
um trem que não consigo embarcar
a vida volta
e puxa, solta, arrebata
Para quem é de beber
doses de cachaça
Para quem é de viver
goles de tristeza
E uns despedem-se da existência
                                      [sem querer partir
outros fincam raízes
                                      [sem querer ficar