domingo, 28 de novembro de 2010

Diretrizes











As razões, as mágoas, os gritos e dores direcionam todos os cânticos sonhados, pensados e cantados para o silêncio.

Não há nem choro mais, só as paredes pregam suas cruzes, as fotos remetem um desejo, morto.
Na janela fica sempre esperando ouvir alguém chamar o seu nome, mas some paisagem, desaparece tela e ela apenas se guia pelos fantasmas, pois não há vozes, não há. 

Veste-se bonita, vestido rosa rodado, cabelo com fita, o som é rock clássico, música romântica, formam-se os pares, ela fica. Sentada sozinha, olha para o palco, os músicos tocam animados pensando em seus amores, seus olhos passeiam a procurá-lo, esperando...

“Quero dançar com você, dançar com você”

Mas você não está lá, você não existe, você é melodia fantasiosa, assim como a poesia haikai  feito chuva sobre seus sonhos.

- “Você é louca”

Sim. Ela é. Todos os que sonham são. Sonhava em dançar com você até a música acabar.

Acabou.

(Juliana Trentini)

Aperitivo poético:

(...)

“Um homem que tem medo tem medo de alguma coisa em relação ao seu instinto humano, ao pensar não saberia que pensava, apenas sentiria que pensava, da mesma maneira eles, os loucos, ao saberem algo para além dos outros sentem que sabem mas por intermédio dos horrores que não podem ser ditos, por medos que não podem ser expressos.
Um homem que tem medo, tem medo de alguma coisa; um homem que deseja deseja alguma coisa, por mais obscura que seja sua compreensão do medo ou do desejo que sente. Quando aquilo que o homem receia, odeia, deseja é algo que ele pode compreender como objeto, ou como causa desses sentimentos, algo que podemos recear, odiar, desejar, não podemos dizer desse homem senão que ele receia, odeia, deseja. Mas quando aquilo que o homem receia, odeia ou deseja é algo que não podemos compreender como excitante de emoção, algo que somos incapazes de recear, odiar ou desejar, declaramos que esse homem é louco. Como isso é falacioso e falso!”
(...)
Fernando Pessoa sob o heterônimo de Alexander Search