sábado, 8 de novembro de 2014

A dor da cor

A dor da cor?
Não a tenho.
Mas a sinto.
Sinto pelas Rosas, pelas Marcelas, pelas Lorenas, pelas Geízas
Sinto pelos olhos, pelos cabelos.

A dor da cor?
Eu me enegreço.
Me engrandeço.
Ao entrar numa roda de coco;
Ao fazer falsos caracóis;
Ao encarar o nosso ontem com tristeza e reflexão.

A dor da cor não deve ser esquecida,
não deve ser resumida a se dizer "isso está nos olhos de quem a vê".
Devemos ler o Lobato, ouvir o Chico, Luis Caldas e as marchinhas de carnaval.
Se erramos no passado? Isso deve ser sempre lembrado!
Não quero cometer o erro igual.

A dor da cor?
É apagá-la, é resumi-la a um quintal.
A dor da cor não se limita a uma coca-cola para tomar e combinar.
Mas eu a tomo para mim para dividir a dor pungente, a dor que vi.

Para tudo, há o poema

O problema da vida é a prisão.
Existir requer algemas.
Certidões.
Registros.
Livro de ponto virou digital.
A palavra vale cada vez mais, nada.

Abandonei os riscos.
Tudo hoje é receio.
Para não me sentir ao meio,
faço do poema meu livre arbítrio.