sexta-feira, 10 de julho de 2009
Solo feminino
Ela é pedra e ainda assim se parece com uma interrogação. Gosta do roxo e do branco (paradoxo), tem dias que está para Florbela, tem dias que está para Sophia. Ela é o tempo... Instável, no entanto, caso existam recursos, facilmente descobre-se a metereologia de seu sangue.
Cansa com as idas e vindas em ônibus lotados com pessoas cheirando a perfume barato e/ou suor. Ela não é tão chata quanto parece, mas gosta dos cheiros simples: de sabonete e de sonhos. Enjoa com coisas doces demais!
Gosta de música antiga e poesia moderna, alimenta-se de medo e se arrisca todos os dias. Cobiça o inexistente que habita alguma atmosfera pré-existente. Está sempre desconfiada, no entanto, rende-se facilmente ao inimigo.
Se fosse um instrumento seria uma flauta, suave e elegante. Se fosse uma cor, não seria, seria um vitral ao sol, pois cada dia ela é uma e todo dia ela é só.
(Juliana Trentini)
Aperitivo poético:
Regresso para mim
e de mim falo
e desdigo de mim
em reencontro
os pontos
um por um:
o sol
os braços
a boca
o sabor
ou os meus ombros
Trago para fora
o que é secreto
vantagem de saudade
o que é segredo
Retorno para mim
e em mim toda
desencontro já o meu regresso
Maria Teresa Horta
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