sábado, 2 de outubro de 2010

A minha dor






 "Tire o seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor"






Dói ver pessoas caminhando de mãos dadas pelas praças do meu bairro e saber que não podemos andar juntos

Dói ir ao cinema sozinha e não ter com quem dividir a pipoca

Dói saber que nossas retas são direções opostas

Vou desfilando com minha dor, orgulhosa e triste, sem suportar os sorrisos estampados no caminho, os sorrisos que não são os seus

Mas minha dor tranforma-se em alegria toda vez que estou de partida para ir ao seu encontro, ou você está chegando para poder apagar todos os lamentos


Aperitivo poético:

A minha Dor

A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural.

Os sinos têm dobres de agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal…
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias…

A minha Dor é um convento. Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!

Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro,
E ninguém ouve… ninguém vê… ninguém…

(Florbela Espanca)

4 comentários:

  1. Grata pela visita ao meu cantinho. Escrevo sim, por necessidade, uns dias mais, outros nem tanto...
    Sempre acabamos por procurar uma forma de extravasar nossos sentimentos, visto que nem sempre as coisas desse mundo fazem sentido pra gente. Todos temos dores, amores e alma plena, mas só o poeta é capaz de diferenciar-se por sua intensidade e por, magistralmente, trasmutar tudo isso em canto.

    Tens aqui belo lugar, sem dúvidas, terreno fértil de bons poemas e subjetividade, Juliana.


    Cheiros :)

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  2. Estonteante é a dor...a dor do outro...a dor do nosso peito pelo sentimento alheio. Mas dor é dor... lindissimo blog....abraços

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  3. ou mulherzinha pense que por mais que as retas pareçam opostas, elas em algum momento convergem e se encontram como cometas que vagam e vagam a procura do choque... e esse choque amiga é o amor. E ao choca-se porduz uma explosão que só vcs dois compreendem e os sorrisos alheios não chegam a ser um milésimo da infinita grandeza compartilhada por vcs, num momento único, num momento de encontro, num momento de euforia e desespero, num de amor e glória...
    é amiga essa é sua dor que desfila nos tempos de verão e queima nos tempos de inverno!!!
    bjoks

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  4. Estonteante é a dor não ser do outro... ser nossa. como sempre, lindo.

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