terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Pesos e penas


 








Filha de poeta

Sou filha de poeta. Nasci mamando poesia, minha mãe sem leite me embebedou de cervejas pretas e infinitos versos rimados. Talvez a ausência do leite materno seja responsável pela paixão que o vírus da gripe tem por mim. Eu gostei de nascer assim, já meio bêbada.
O fato é que ser filha de poeta implicou em um causo, fui condicionada a respirar poesia, minha alimentação é realizar fotossíntese em cada palavra que goteja de cada lugar, é seiva de cada árvore que se planta em mim. Eu nasci raiz. E por falar em raiz, a minha progenitora -Anchella Monte- lançará um livro em breve. Acompanhei como em todos os seus outros livros solo, o nascimento de cada poema e agora do prefácio elaborado por Paulo de Tarso Correia de Melo e a única coisa que posso dizer até agora é que estou encantada com cada palavra e obviamente emocionada como sempre fico. Quando estiver próximo ao lançamento, informarei aos senhores leitores do blog. 

O título do livro é “Pesos e Penas”.  A polissemia me transmite as sensações de nossos pesares, das nossas lamentações e me remete a uma indagação de Milan Kundera em A insustentável leveza do Ser. “O que devemos escolher o peso ou a leveza?” Fico com o peso de ser a filha da poeta, não o peso no sentido de fardo, mas de estar fadada a sentir todas as dores provocadas pelos dramas cotidianos, pelas faltas, pelas mágoas, pelos amores rompidos, pelos desamores cultivados e regados que não conseguimos compreender, fico com o peso de não poder dissolver as penas em copo de água como se fossem aspirinas ou transformá-las em penas de pássaros com vôos rasantes. Tenho de herança a riqueza de saber amar as palavras, sou aprendiz de ourives e desgasto os dedos tentando polir o amor. 

P.S:. E esse amor me deu finalmente coragem de fazer minha primeira tatuagem que será em homenagem àquela que me ensinou a viver os versos, minha poeta preferida, minha mãe.  Farei a capa do seu segundo livro solo “Temas Roubados”. Solidificando em minha pele o laço com a pessoa que mais amo na vida e marcando em mim o que mais gosto de viver: POESIA! Próximo layout do blog será minha tatuagem =D
Aguardem!!!




Aperitivo poético
“O rio corre ainda e sempre
Lavando-se nas pedras e esperando o mar.
Maior o mar que está a sua frente
E de longe já sente o cheiro e as cintilações.

Como o rio há certas gentes
Que desvelam o próprio coração.”

Anchella Monte






3 comentários:

  1. Muito bonito o seu jeito de escrever.

    Ass.: Francisco

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  2. Lindo texto. Parabéns a sua mãe, por entregar-lhe o peito da cerveja e dos versos e faze-la tb poeta!

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