segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Canção tardia










Os pés ainda desajeitados
a coluna ligeiramente curvada
rostos encontram ponto fixo
e bailam imponentes
com o ritmo que ainda não têm
Bach toca sua orquestra N.3 em Ré maior
e na corda de sol passam luzes noturnas
com vista para a ponte e o porto

pessoas e carros passam
cantarolando
canções fugidias do dia a dia
os meus cabelos mal presos
dançam junto as bailarinas de Balzaque
os olhos constatam:
Nunca é tarde!
Nunca é tarde!

Juliana Trentini
Aperitivo poético:

As pequenas bailarinas
Fila de espera por trás das cortinas
As pequenas bailarinas
Cordão de estrelinhas de tule
Querendo virar cometas.

Pelos olhos cintilantes
Não serão elas, as estrelinhas
Que no palco entrarão.
O palco com cortinas e aplausos
Já entrou-lhes no coração.

As pequenas bailarinas
Saem estrelas, voltam fadas,
São pastoras e ovelhas
Feitas de coques, sapatilhas e meias
Pelas músicas orquestradas.

Encerrado o espetáculo
Nem de noite nem de dia
Vão as estrelinhas para a casa
E por mais que o sono arrebate
Já não podem ser apagadas.

Anchella Monte

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