segunda-feira, 25 de julho de 2011

hoje

Hoje eu quero uma canção
ontem queria um verso simples
hoje estou no chão
amanhã pegarei os céus
as estradas
as malas
as estações

as estrelas
preguei botões
os oceanos fiz aliança
casei com os sonhos
virei criança
ladrilhei um carrossel

fui embora para o futuro
não sei se vou voltar
não me espere em cima do muro
ou fica ai
ou vem para cá


(Juliana Trentini)

sábado, 23 de julho de 2011

O vento

O vento invade
todas as frestas
do meu pensamento

derruba os retratos
da estante
faz valsa nas cortinas
e cabelos

em instantes
o vento varre vontades
verdades
os olhos contemplam o silêncio

Juliana Trentini

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A canção de hoje

Erros

seu erro é caçar canções em qualquer palavra
pensar que o mundo foi feito para o céu
nem toda melodia termina em dança

os sonhos rimam feito literatura de cordel
mas a vida é prosa
e o caminho cruel

Juliana Trentini

Ritual

para toda passagem
há um caminho
e um pedágio

concedo as duas moedas
são do barqueiro
e o espirito
realiza travessia

dias de reza e choro
cobertas, branco, soro
velamos um sono eterno
e enterramos o morto

Juliana Trentini

domingo, 17 de julho de 2011

velas e ventos

demônios da garoa
anunciações
são tantas as canções
e tão frágil é o céu

são tantas entradas e chegadas
mas nenhuma janela abre-se para o meu pensamento
meu coração é só lamento

se não fosse a chuva para lavar meu sal
quão hipertenso seria esse tormento
entre águas e correntes a vida escoa
e de proa em proa
sou vento

Juliana Trentini

terça-feira, 12 de julho de 2011

vida

já fiz muito por pouco
já fiz pouco por muito
fui louco carregando os sentimentos do mundo

fiquei rouco
mudo
de tanto tirar pedras do caminho
atirei-me
telhado de vidro
carrego cruzes e o adeus

enganei deuses e sonhos
rasguei os planos
e fiz uma nova canção

sem chagas
sem flores
só o chão de terra batida
piso

(Juliana Trentine)


Vida

(...)
A vida é pouca
Soma loucura
Vôo rasante sobre o abismo.
A vida é isso.

Anchella Monte

terça-feira, 5 de julho de 2011

uma canção perdida

águas passadas

o corpo enfermo talvez retrate as doenças da alma

sinto o rio que corre levando e trazendo águas novas

escuto o barulhinho de chuva que você criava para me fazer dormir, substituindo a canção jamais cantada

"e como uma estrela pelo meu céu você apareceu em minha vida/ e eu jamais serei a mesma"

e se foi como os primeiros raios de sol chegam após uma noite mal dormida

tudo é muito invasivo e evasivo

vivo minha eterna dicotomia

lavo minhas águas passadas e mantenho os pés apressados e limpos

um dia há de existisr uma outra estrela para ilustrar meu céu e que me sejam concedidas asas diferentes das de Ícaro.