terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A vila

Um caminhão espera.
organizo caixas e embaralho as ideias.


Na vila,
o verde
o lago
a travessia
e um sol bonito para caminhada

Mas,
na vila
não estará Tuffy, nem Seu Chico...
Nem a matriarca elegante e tristonha...
Nem o patriarca (do outro lado) com a ufologia, a ditadura enraizada, os resmungos e o cheiro ruim de cigarro.

Na vila,
não haverá o banco de praça,
nem o Pau-Brasil,
nem as cantorias do passado.

Na vila,
outras vozes desafinarão
e cria-se uma ilusão
de que o mundo é um mundo de paz.

E aqui jaz o número 8844
o pé de jambo, a goiabeira
as cocadas, o iogurte de pote e o bolo de chocolate de placa.

Na vida,
há que se deixar a vida para trás.


Caixa

Marisa encontrou os velhos poemas do Rosa.
Havia uma caixa repleta deles,
viraram papel reciclado.
Despediu -se de velas,
pétalas
e sóis.

Marisa parou e pensou:
Quantos oceanos há no mundo?
Sem certeza, decidiu navegar
e percebeu já ter sido
Atlântico, Índico, Antártico e Ártico.
Hoje é Pacífico.

Mas dentro da Marisa, só há espaço para um rio raso,
de pouca correnteza e poucos peixes.