A minha maior desistência:
é não desistir...
Os dias correm em passos tão lentos
o tempo esvai
vazão de pensamento
corro as estradas
sempre tão ermas
correndo de mim mesma
lamento não me encontrar
de todas as desistências
a vida tomou providência
de eu não desistir de tentar
de todas as desistências
a rima que desapego
insiste em me acompanhar
só o par
eu me entrego
desisto de não desistir
prossigo a roda sem freio
conduzo sem condutor
se amor eu já desisti
ele insiste em ficar em mim
e dói um tanto, um bocado
o poema acaba rimado, parecendo um cordel
a alma arteira e sofrida
fica aqui só o fel
dos desapegos
das desistências
insisto em não rimar nada
porque minha alma é levada
e me arranca de mim assim
não pede nem licença
e eu vou desistindo do amor
e eu vou desistindo da dor
e assim continuo a seguir...
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