Existem olhos cúmplices e distantes
preparam o peixe juntos
não há submissão
a poesia sobre a poesia disse:
Não há explicação nas palavras
só a vontade adormece o delírio onírico
e a física sobre a física disse:
É impossível não pensar o óbvio
o corpo dança os ritmos dos galhos
jazz samba coco blues
e está formada a árvore
bebem a seiva dos quilômetros existentes
desfeitos nas construções lexicais
raiz se faz colheita
(Juliana Trentini)
Aperitivo poético:
Casamento
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinho na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinho na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
(Adélia Prado)
a faísca que samba no entreolhar dos dois é só deles.
ResponderExcluirninguém tira,
delirante, hipnótico...
Leu a sombra do vento? rs
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