terça-feira, 13 de abril de 2010

Solo




a guitarra arranha seu solo
notas da claridade invasiva da manhã
observa as cores quentes
enverniza a imagem
seguindo solidão sossegada

o ar e os tetos reprimem seus afetos


(Juliana Trentini)



Aperitivo poético:

O ar os tectos

Aqui o inverno mata as profissões que têm acesso
                                                                 [ao ar,
a dos que andam por fora
por ruas e por roupas, com as vias da respiração
opressas
porque estão a erguer casas de telha vã e pastoreiam
só animais que restam impolutos
das ribeiras cheias
de temporais e frutos
que nas águas tristes se despenham.

Como repetido é sempre o inverno,
com a chacina de animais,
com os ventos iguais que nos descoram,
as cornijas nas ruas devorando
os temporais
e nós, sem profissões libertas, também
a erguer os corpos
opressos pelos tectos.


Fiama Hasse Pais Brandão

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