domingo, 1 de agosto de 2010

Abandono












As palavras me abandoram
o desgosto esqueceu de me desgostar
e fico entre o almoço e o jantar
fazendo rimas baratas
como se fossem
letra de música para ser tocada na próxima estação.


A verdade é que estacionei
não há vagas nem passagem para ser vendida
pego a viela escura
debaixo da meia luz de um único poste.
Os sonhos meus únicos vizinhos
e o medo vem comigo de mãos dadas
sussurrando declarações sem fim
deixando bilhetinhos em cada vão escuro da calçada

Então eu corro demais, corro demais...

só pra lhe ver meu bem, mas você não está.
Abro a porta da casa ligeiro como quem rouba, não há perigo,
a única sombra é a minha, até o medo me deixou sozinha


Juliana Trentini


Aperitivo:

Quem chega ao seu extremo
não disfarça.
Desvio os olhos,
nunca a respiração.

A queda é uma árvore que volta.

Carpinejar

3 comentários:

  1. nossa isso é o que chamo de abandono: "... até o medo me deixou sozinha.", mas não chamaria de abandono o que te impulsiona a escrever, com certeza não estavas abandonada nessa hora pq até no seu "abandono" há beleza...
    lindo poema

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  2. Sinto pena dos animais.
    E o poema é profundo.
    Rosana

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