domingo, 5 de dezembro de 2010

A carne


 










O chão aparentemente desabando, as mudanças bruscas, o inexplanável faz com que a raiz enfraqueça e o tronco e as folhas percam seu brio, porém, eis que um convite inesperado,uma roupa despojada, um batom intenso e risos transformam as mágoas e os silêncios em fantasias noturnas. Por vezes, o corpo transcende a alma. É somos humanos... Destinados à carne e às respirações impróprias; e por instantes, o pescoço desbravado assume mais relevância que qualquer sentimentalismo desperdiçado em milhas vans e horas vans.

Poesia é perdida e achada todos os dias, pelos paralelepípedos desencontrados, pela respiração da manhã invadindo o sereno, pela pele rompendo a pele, pelo desejo quebrando o desamor.

E assim segue-se o calendário, com apresentações de pancadas justas que remontam o corpo, e o sol nascendo completamente vermelho. 


(Juliana Trentini)


Aperitivo poético:


" é como um dia depois de outro dia
abrindo um salão
passas em exposição
passas sem ver teu vigia
catando a poesia
que entornas no chão"

Chico Buarque

3 comentários:

  1. Muito lindo :~
    Você amadurece a cada nova poesia, a cada inesperada despedida.
    Viu que tem jogo de cintura e é dessa forma que praticamos o desapego, VIVENDO!

    Tô orgulhosa ^^

    ResponderExcluir
  2. Como um vício punjante precisamos sempre de renovações para prosseguirmos mais confiantes num amanhã, num amanhã mais nítido, embora saudoso; contudo bemventuroso!!! bjaw linda

    ResponderExcluir