quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Eu








 
Tento fazer uma construção
Tento poetizar um soneto
Teço os dias com acordes
Melodiando uma canção

Sempre de partida
Procurando saída
Entre becos e estrofes
Entre palavra e tormento

Não me encaixo em parênteses
nem em fôrmas
sou gente que forma e sonha

estou sempre de fora de rodas e cantigas
entre as caatingas
sobrevivo como um cacto

 (Juliana Trentini)




Aperitivo poético:

Eu
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada… a dolorida…

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!…

Sou aquela que passa e ninguém vê…
Sou a que chamam triste sem o ser…
Sou a que chora sem saber porquê…

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver 
E que nunca na vida me encontrou!

(Florbela Espanca)

2 comentários:

  1. belíssimo, como sempre.
    estava já com saudades de suas postagens no blog.

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  2. como sempre muito inspirador.... mas me deixou uma dúvida: quantos cactos vcs quer ser? pq só um cacto já tem espinhos demais amiga...rsrs bjims

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