sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Sem razões


Razão? Nenhuma. São sempre as não-razões que a circundam e que a carregam para contornar as ausências da solidez e brutalidade de uma pedra, desgastada pelas idas e vindas das ondas do mar, esse eterno clichê a acompanha junto às passadas curtas das suas pernas brancas que têm desejo de maior velocidade, porém caminham devagar e sempre. E esse “devagar e sempre” é eternamente uma tortura para o cérebro, constantemente mais veloz que as demais partes do corpo.

A pergunta solta inicial é devido as suas vontades...essas que aniquilam, esses quereres que tanto se querem e nunca sabe ao certo como são, o que são e por que são.

Leitor, você deve estar tonto com tanta confusão de ideias. Sim, o autor está confuso quanto a sua personagem, ou será que se fundiram e não há mais distinção entre o ser que escreve e o que vivencia? Acho que não há, as vozes se encontraram e se perderam no mesmo e simplório discurso. E esse logos fala do mesmo motivo de sempre, que tira o ser humano de órbita, que tantas vezes já foi dito e ainda assim se diz novamente.

Pergunta: Amor? Paixão? Sim e não! E lá vêm os paradoxos...é que gostamos de sentir, mas gostaríamos de saber que gosto tem a paixão, que sabor tem o amor. Tentamos, tentaremos infinitas vezes (o sempre de novo, prefiro o nunca, preferimos, é mais forte, tem gosto de café amargo). Mas esses “corações de ninguém” apenas queriam ser comuns, entregues, presas, pescado, prisão. No entanto, sua condição de estado é a de liberdade. Não adianta querer quebrar as correntes, a gente é para o que nasce.

“Navegar é preciso, viver não é preciso”


(Juliana Trentini)


Aperitivo poético do dia:

Soneto da dúvida

Um calor fogoso, uma tocha ardente
Desejo que clama, anseia e castiga
Uma dor gostosa, malvada e amiga
Canto amistoso dum rosto indolente

Açoite açoitando a pele da gente
A ferida aberta na carne viva
É doença selvagem, aguda e ativa
Estaca enfiada num peito impotente

Pensamento novo e carência mágica
Ensejo altivante de cores trágicas
Tagarelar mudo de bela flor

Semeando a pureza em terrenos vastos
Iniciando a vida de corpos castos
É paradoxal o sentimento amor?

(Leôncio Neto)

2 comentários:

  1. Fiquei tonta mesmo, com o texto e com o soneto.

    Belos os dois.

    É tudo tão complexo nesse mundo que as vezes da vontade de nada sentir.


    :)

    =*

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  2. vlw ju..

    mt bom msm o texto e bgdim pela lembranca

    bjuuss

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