segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Fuga
Não percebia, mas sempre procurava subterfúgios para evadir o instante, burlava seus desejos e se escondia do seu próprio medo. Distribuia sorrisos rasgados e estava sempre com a mão estendida para ajudar o amigo diante da derrocada.
Desviava o olhar, era seu mecanismo de defesa, assim não se denunciava...talvez essa trava nunca tenha sido destrancada pela chave do tempo, a cor virada para baixo ou para os lados, sempre desviando... era escudo. Sim, covarde! Covarde diante de si, diante uma entrega que jamais se permitiu, óculos escuros.
Tão doce quanto um limão e tão suave quanto o mar arrebentando nas pedras, era essa a imagem pré-moldada no revestimento dos seus olhos e por trás das cortinas estava guardada uma caixinha de música com uma bailarina impossibilitada de dançar devido a uma pecinha quebrada.
A grande incógnita que habita as coxias do espetáculo está contida, composta e metrificada em uma canção sem som ecoando o silêncio. Há uma bailarina sem compasso, uma pergunta sem ponto de interrogação que versificam em dísticos um destino conduzido pelo próprio ser questionador:
“ Fui podado, tolhido, fugitivo!
Limado, trancado, morrido? Amado? “
(Juliana Trentini)
P.S:. Postagem dedicada as pessoas que não tem coragem de enfrentar seus medos e por um acaso incrível do destino são sempre os covardes que atravessam meu caminho e eu faço questão de aparecer com a maleta de primeiros socorros.
P.S:. 2 Hellen, acho que você traçou o perfil de maneira equivocada =P
Aperitivo poético do dia:
Não sei o que faça,
Não sei o que penso,
O frio não passa
E o tédio é imenso.
Não tenho sentido,
Alma ou intenção...
Estou no meu ouvido...
Dorme, coração...
(Fernando Pessoa)
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