segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Estrada


O tempo era veloz e eu me arrastava. Ia, voltava. Voltava e ia. Acabava por ficar perdida na inércia e por não conseguir decidir qual caminho seguir, deixava-o me levar com suas mãos quase velhas.

Levava-me na valsa, sem vestido vermelho cheirando a guardado, sem amor antigo adormecido, sem música inaudível tocando no coração. Apenas seguia o compasso tão sem ritmo que ele tinha, e ainda menos ritmo eu tinha e covardemente bailava.

Por fim, os lençóis tão mal sonhados serviam de apoio para o pensamento que transfigurava a imagem do momento vão. E o olhar vago, vagava por entre as nuvens de algum céu que não pôde enxergar, desejando regressar e pegar a estrada inversa.

(Juliana Trentini)

Um comentário:

  1. "E o olhar vago, vagava por entre as nuvens de algum céu que não pôde enxergar, desejando regressar e pegar a estrada inversa."

    Reflexivo e muito bonito!

    Parabéns!

    ResponderExcluir