Ela sempre foi muito chorona. Chorava de medo, de raiva, de dor, de desgosto e de amor. Um dia foi expulsa de si, do seu mundo, do seu quarto neutro de cortinas de cor indefinida e de paredes com telas de paisagens e um planeta terra sobre seus sonhos, terra que lhe abandonou de tanto cavar o chão, então faltou piso, faltou buraco.
Sobrou tristeza, tanta tristeza que forçou o choro e esse não veio. Tanta vontade de inundar o universo... Só conseguiu marejar os olhos, mas nenhuma lágrima caiu.
Ela virou palavra presa, inaudita, semente de mar, correnteza presa.
(Juliana Trentini)
Aperitivo poético:
Nostalgia
Ficaram meus brocados, que despi,
E as jóias que p´las aias reparti
Como outras rosas de Rainha Santa!
Tanta opala que eu tinha! Tanta, tanta!
Foi por lá que as semeei e que as perdi…
Mostrem-me esse País onde eu nasci!
Mostrem-me o reino de que eu sou infanta!
Ó meu país de sonho e de ansiedade,
Não sei se esta quimera que me assombra,
É feita de mentira ou de verdade!
Quero voltar! Não sei por onde vim…
Ah! Não ser mais que a sombra duma sombra
Por entre tanta sombra igual a mim!
(Florbela Espanca)
Que texto lindo ju. muito lindo mesmmo.
ResponderExcluirmaricotinha
Achei teu blog a partir do blog da Be Lins... que grata surpresa... estou amando... os textos e os aperetivos... que privilégio!
ResponderExcluirSeus textos são suaves, líricos, profundos e sutis... o blog é lindo!
Sua benção!