Desejo
abro a porta e quero engolir o mundo
não me satisfazem as molduras nas paredes da casa
nem os livros da estante tantas vezes já lidos
abro a janela e quero mastigar as nuvens
feito criança com algodão doce nas mãos
destelho o teto e parto quebrando o tempo
caçador de fases lunares
de estrelas cadentes
de naves espaciais
de sonhos e ilusões
desiludido
de possuir limitações
insatisfeito
triste de quem se conforma
com a dor instalada no peito
arranco o desengano das minhas entranhas
e desenganado vivo a procurar razão
há de existir algo melhor, amor maior
para quem não estaciona na primeira vaga que a vida exibe
(Juliana Trentini)
Aperitivo poético:
Segundo - O Quinto Império
Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz -
Ter por vida a sepultura.
Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem,
Que as forças cegas se dormem
Pela visão que a alma tem!
E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no astro
Da erma noite começou.
Grécia, Roma, Cristandade,
Europa - os quatros se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vai viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?
(Fernando Pessoa)
O primeiro texto é daqueles que a gente queria ter escrito.
ResponderExcluirNão estacionar na primeira vaga que a vida oferece...
Passei para desejar-te um feliz natal.
Que o Natal reafirme em ti a certeza:
Não somos parte do amor,
somos o próprio amor.
Que possamos envolver nossas famílias, amigos e humanidade com a força deste sentimento.
Estrelas de paz brilhem em ti.
LINDO!!!!!
ResponderExcluir