quarta-feira, 1 de abril de 2009

Liberdade


Há dias que fico pensando no contexto da palavra “liberdade”, para alcançar a dimensão de significância que ela exprime, penso primeiro na sua definição advinda do dicionário.

Liberdade, s.f. 1. Direito de uma pessoa agir segundo sua vontade; 2. condição de homem livre; s.f.pl.3. Imunidades; regalias; 4. modo de proceder com desprendimento das convenções sociais. (Dicionário Tropical de Soares Amora)

E em que contexto se admite a sua liberdade?E a nossa?E a minha individualmente? É difícil separar essa estreita linha que existe nos limites das convenções sociais e no desejo amplo de ser homem-pássaro que o indivíduo possui.

Talvez o mundo não funcionasse se não existissem regras, proibições, algemas e gaiolas. O famoso jeitinho brasileiro não saberia manter a ordem e a paz sem olhares de reprovação e sem punições. O limite nem sempre é o céu e as nossas asas assim como as de Ícaro podem ter um fim trágico. No mais não deixamos de querer pular de pára-quedas, voar de asa delta, correr com velocidade no carro, escalar uma montanha... e descobrir escadas e sonhos que ultrapassam qualquer limite, qualquer olhar duro, qualquer palavra de reprovação, qualquer algema, qualquer gaiola.

Sejamos pássaros, cortemos a raiz que nos repreende e nos petrifica a ser apenas contorno de rio. É importante o adubo, o cultivo, o verde, mas esqueçamos às amarras, e deixemos que a água corra livre buscando uma terceira margem... nada de lua ser espelho do tempo, nada de homens formando teias, vamos seguir o caminho das baleias e sentir o gosto do sal temperando as têmporas.

Vamos cuidar do corpo, da matéria, pois a alma está arredia, ela suplica e o eco se esvai com o vento: Liberdadeeeeeeeee... L-I-B-E-R-D-A-D-E!

E como diria com maestria o poeta Mário Quintana:

“Os outros passarão
Eu passarinho”



O aperitivo poético do dia:

Livre arbítrio

Quer buscar o som
apreender, engaiolar
procura o tom
no escurecer de cada olhar

Não consegue, jamais conseguirá
o homem busca ser pássaro
a terra vai perdendo a cor
e se é de barro ou aço
me desfaço em dó maior
pois o vermelho já se sabe
é matéria, é corpo, é carne

e o homem em verdade
não quer zelo, só vaidade
quer azular e clarear
se depreender , enlouquecer
formigamento
tormento
vôo
espaço
um passo
uma alçada
e a caminhada jamais é reta.

(Juliana Trentini)

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